fim de mês!
Coluna publicada na Vida Simples
"apenas peço a você (e a mim mesma) para conjugarmos o verbo PERMITIR no presente do subjuntivo..."
Todo final de mês é a mesma coisa, a gente olha pro calendário e pensa “uau, cabô mais um!”, rabisca uns compromissos na agenda e segue o baile! Quando se trata da virada novembro/dezembro, bate aquela taquicardia, juntamente com a ilusão de que se faz necessário resolver nos próximos 31 dias tudo que ficou pendente na listinha de coisas a fazer.
Eu sei, você sabe, todo mundo sabe, whishlist, também conhecida como Lista de Desejos, nada mais é do que um papo reto e direto com nossos próprios pensamentos, portanto, pense aí, se não der pra riscar os últimos itens da sua listinha imaginária, seja generoso consigo e reescreva pro ano que vem.
Entenda, querido leitor, não quero empoderar ainda mais a já empoderada procrastinação, longe disso! Vale selecionar o necessário do intransferível. O abraço no amigo que ainda não encontramos pessoalmente não precisa ficar pro ano que vem, ligue, marque um café, uma cerveja no boteco ou arrume qualquer outra desculpa, mas vá! A visita anual no dentista, ler os livros que nos aguardam ao lado da cama ou aquela faxina nos armários da cozinha podem esperar o 2023 chegar. Só a você cabe a escolha das próprias urgências.
Não se trata de nenhuma apologia à preguiça, a postergar desejos, deixá-los pra depois. Depois é nunca, lembra? Apenas peço a você (e a mim mesma) para conjugarmos o verbo PERMITIR no presente do subjuntivo: que eu me permita, que tu te permitas, e por aí seguimos a estrada nesse caminho chamado VIDA, que tem pedras e buracos, flores e pássaros, e pelos caminhos retos ou tortuosos, tem escolhas, decisões, permissões, ajustes. A graça da vida está no trajeto que percorremos pra chegar lá!
E por aqui me despeço com as palavras de Guimarães Rosa, num trecho do clássico Grande Serão Veredas:
“Todo caminho da gente é resvaloso.
Mas também, cair não prejudica demais – a gente levanta, a gente sobe, a gente volta!
O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.”
Beijos meus!