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quando o ontem encontra o hoje

Nessa costura de movimentos, há um caminho aliando o tecnológico com o manual, que traz calma, refresca a alma, aquece as boas memórias.

 

Despertador, buzina, trânsito, aviso de mensagem, relógio girando, café esfrando, agenda cheia, semana correndo. Vivemosuma verdadeira maratona a cada dia do calendário. Momentos guiados pelo imediatismo, pelas urgências. Em meio a esse ritmo frenético, uma fresta de pausa.

 

Aquele guardanapo bordado, o cachecol tricotado, o cheiro de bolo invadindo a tarde, a música tranquila. O que estes dois mundos têm em comum? Muitas coisas!

 

Existem gostosas e preciosas histórias nessa estrada. Se não a observarmos dando o devido valor, corremos o risco de que fiquem amareladas e esquecidas dentro de uma caixa de camisa. Ou enfiadas no fundo de uma gaveta, com as roldanas enferrujadas.

Nessa costura de movimentos, há um caminho aliando o tecnológico com o manual, que traz calma, refresca a alma, aquece as boas memórias.

 

A realidade é que há um forte vínculo entre passado e presente. Existem diversos movimentos atentos a esses resgates, como o slow food, o mindfulness, o slow fashion, confort clothes. Há uma busca às simples e boas coisas da vida, como sentar ao redor de uma mesa, e com tempo, calma e amigos, saborear o que de melhor uma refeição pode nos proporcionar. Atualmente discutimos o consumo, nos permitimos misturar o que há de diferente e essa talvez seja a maior herança que tenhamos do século passado.

A máquina de café espress, por exemplo, tão fast e fashion, tem seu valor e praticidade. Mas ninguém poderá esquecer a magia do bom e velho café passado no filtro de pano. Momento e movimentos totalmente diversos e igualmente gostosos. 

O mundo vive um momento crítico. Queremos pausas para quebrar as regras e encontrar novas (ou velhas) alternativas. E retroceder algumas casas do jogo da vida não está descartado. Nesse patchwork atual, por que não aliar tecnológico, manual e afetivo?

Buscamos nossas memórias, seja por saudade, ou para ancorar em algo sólido que nos ajude a desligar do frenético ritmo do agora. A tecnologia  nos proporciona ações em velocidade tão rápida que já não deixamos pegadas. Hoje muito pouco escrevemos cartas, anotamos. Não guardamos comprovantes físicos nem imprimimos fotografias. Ações práticas, armazenamento na nuvem. Porém, contudo, todavia, há muito amor pra se manter no espaço físico e real. 

Esse é um relicário de afetos e, resgatando o que de mais significativo senti, trago ao meu cotidiano os ensinamentos dos corações experientes com os quais dividi momentos dessa estrada.

Muitas vezes, simples recordações nos parecem bobas, escassas de qualquer valor. A questão é: por que não permitir que elas contribuam para nossas atuais escolhas?

Como um simples e poderoso exercício de ouvir o seu próprio silêncio, deixe-as repousando em algum espaço. Cada uma delas poderá conter um precioso bem. Frações de convívio com aqueles que escreveram as nossas histórias. Um verdadeiro vínculo entre o que fomos e o que nos tornamos. 

Respeite suas lembranças. Exercite sua mente. Observe o que você gostava de fazer quando criança, o que lhe roubava sorrisos. Aquilo que lhe proporcionava sensações divertidas e felizes. Brincadeiras, cenas cotidianas, sonhos que habitavam o seu imaginário. Vale tudo nesse reeencontro. Permita-se!

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