WhatsApp

quem não se comunica, se trumbica!

Já dizia Chacrinha nos idos dos anos 80: “quem não se comunica se trumbica”.

Ícone da irreverência e carisma, Aberlardo Barbosa, famoso radialista e apresentador de televisão, entrava na sala de casa todos os finais de semana, num programa de auditório e show de calouros recheado de excentricidades. Além das cores e luzes, o cenário era composto de bananas, peitos infláveis gigantes, buzinas estridentes e outras esquisitices que eram sua assinatura: entregar abacaxis como troféu e jogar pedaços de bacalhau na platéia. Com looks extravagantes em lamê e paetê, Chacrinha era uma explosão de alegria, e eu, criança, curtia toda aquela festa.

Mas por que trazê-lo ao nosso texto nesse início de 2024? Porque ao final dessa grande folia brasileira chamada carnaval é que o ano recomeça. Novo ano, antigas e preciosas reflexões, e associando a vida real a essa profusão de cores e brilhos, costuro imaginariamente o jargão de Chacrinha a uma das maiores dificuldades nas relações interpessoais: a comunicação.
É dela o papel fundamental na manutenção dos laços, sejam profissionais ou afetivos. Através de uma comunicação aberta, honesta e empática compartilhamos nossas vivências, emoções, pensamentos e opiniões, fortalecendo as conexões de intimidade e confiança.
Diariamente somos bombardeados com diversos instrumentos de comunicação, criados exatamente para facilitar a troca de informações. Muitas vezes, é essa diversidade de possibilidades que nos engole a capacidade de transmitir, de receber e interpretar mensagens com a calma e clareza necessárias; seja por pressa, porque estamos ocupados ou simplesmente distraídos com outros assuntos. Contínua e diariamente, inúmeras abas abertas em nosso pensamento.
Nem sempre você sente ou entende o mesmo que eu penso e tento comunicar. Cada ser humano é único e tem características próprias, logo, dos maiores ruídos de comunicação é exatamente a diferença na percepção. Se o ato de comunicar nosso pensamento é uma fatia imprescindível da vida, compreender se torna responsabilidade pessoal e intransferível. Entre tratos, contratos e suposições, a responsabilidade do entendimento é mútua. Árdua tarefa, demanda atenção e disposição em cada relação.

Há uma frase clássica do escritor Alejandro Jodorowsky que versa sobre o tema: “Entre o que eu penso, o que quero dizer, o que digo e o que você ouve, o que você quer ouvir e o que você acha que entendeu, há um abismo”.

Não comunicar claramente o que pensamos e achar que o outro tem qualquer obrigação de adivinhar desalinhos tornou-se equívoco constante em nossas vidas. A fala transparente, a escuta ativa e a capacidade (e vontade) de resolver conflitos de forma construtiva são aspectos importantes na comunicação; um processo contínuo e fundamental na manutenção de relações com aqueles que nos rodeiam.

Chacrinha sabia das coisas. Sábio Velho Guerreiro, como foi carinhosamente chamado por Gilberto Gil.
Alô torcida do flamengo (e de todos os times do nosso coração): aquele abraço!
& beijos meus!

 

Texto publicado no Portal Vida Simples - fevereiro 2024

 

Receba novidades